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Apresentada a Corrida EDP Espinho, a estrear domingo

03.10.2016

Teve lugar hoje, no salão Nobre da Câmara Municipal de Espinho, a conferência de imprensa que visou apresentar à comunicação social, e ao público em geral, a primeira edição da Corrida EDP Espinho 2016, que se vai estrear no próximo domingo, dia 9 de Outubro.

A conferência foi presidida pelo edil espinhense, dr. Joaquim Pinto Moreira, e na mesa de honra da mesma estiveram presentes Jorge Teixeira, director-geral de eventos da Runporto, entidade que organiza a prova de parceria com a Câmara de Espinho e a Associação de Atletismo de Aveiro, a drª Amélia Pinho, em representação da EDP, a antiga atleta, campeã mundial de estrada, Aurora Cunha, e a srª Conceição Leitão, irmã de António Leitão, o grande atleta da cidade que infelizmente nos deixou precocemente, aos 51 anos apenas, a 18 de Março de 2012.

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A presença da irmã de António Leitão justificou-se cabalmente pelo facto de a Corrida EDP Espinho constituir um tributo prestado pela câmara da cidade ao ex-atleta, cumprindo-se assim a promessa feita pelo Presidente da edilidade à família de António Leitão e à própria Aurora Cunha, amiga de sempre do atleta, na sequência da sua partida, após um mês de internamento no hospital de São João, no Porto.
De António leitão muito se falou, e justamente, tendo sido apresentado um filme sobre o quilómetro terminal da sua maior proeza de sempre, a final dos 5000m dos Jogos Olímpicos de Los Angeles de 1984, quando ele conquistou uma difícil e valiosa medalha de bronze, num contexto competitivo do mais alto nível.

Também foi referido o importante aspecto de a prova se disputar em espaço pertencente a dois concelhos, o de Espinho e o de Vila Nova de Gaia, gerando entre ambos um estreitamento de relações que se saúda. O evento, na sua totalidade, é constituído por duas vertentes, a corrida propriamente dita de 10km de extensão e uma caminhada, sem fins competitivos, com metade do tamanho. A partida será dada pelas 9h30 de domingo, verificando-se tanto a saída como a chegada na Zona Pedonal, junto às piscinas, na Rua 2.

Neste momento já se ultrapassou o número de 1100 inscritos para esta nova prova da Runporto, mas o objectivo a atingir fica colocado num total de três mil participações, 2000 na corrida e 1000 na caminhada, dado que as inscrições se manterão abertas até sábado, 8 de Outubro.

Outro objectivo a atingir está alcançado- o dr. Pinto Moreira anunciou que a prova irá ter continuidade, e a segunda edição da mesma já está agendada!

Breve currículo de António Leitão

António Leitão nasceu em Espinho, em 22 de Julho de 1960, e foi sem dúvidas um dos mais talentosos e extraordinários atletas de sempre em Portugal.

Formado no Sporting de Espinho, viria a prosseguir a sua carreira no S.L. Benfica, mas foi ainda pelo clube de origem que fez falar de si, obtendo um medalha de bronze nos 5000m nos campeonatos europeus de juniores, realizados em Bydgoszcz, na Polónia, em 1979.

A distância da légua foi sempre a sua preferida, e após progressão lenta, mas estável, entre 1979 e 1982, viria nesse último ano a dar passos de gigante que assombraram o atletismo nacional. Escalado para os Europeus de Atenas nesse ano, ficaria pela eliminatória dos 5.000m, mas já depois, no meeting italiano de Rieti, realizado a 16 de Setembro, pulverizou o recorde nacional dos 5.000m de Fernando Mamede, outra lenda do atletismo luso, ao fazer 13m07,70s na segunda posição, marca que na altura o deixava como o quarto melhor mundial de todos os tempos na distância. Ainda hoje essa marca é a segunda melhor portuguesa, só tendo sido superada pelo recorde nacional de 13m02,86s, da autoria em 1998 de António Pinto.

No ano seguinte Leitão participou nos 5.000m da primeira edição dos Mundiais de atletismo, em Helsínquia, tendo acabado em décimo. Esse ano marcaria a obtenção da sua parte de um novo recorde nacional dos 3.000m, com 7m39,69s, marca que ainda hoje perdura no palmarés como a melhor portuguesa de sempre ao ar livre. A proeza ocorreu em Bruxelas, no Memorial van Damme, a 26 de Agosto, e deixou-o como o terceiro melhor mundial desse ano.

Veio depois a temporada olímpica de 1984 e a maior proeza de António Leitão. Numa final olímpica magnífica de 5.000m, realizada em Los Angeles na noite de 11 de Agosto, o espinhense teve um términos de prova fabuloso e só cedeu para um atleta intocável ao tempo, o marroquino Said Aouita (13m05,59s), e para o suíço Markus Ryfell (13m07,54s, que ainda hoje é recorde nacional), fazendo com 13m09,20s o segundo melhor tempo da sua carreira para chegar à medalha de bronze.

Mais um recorde nacional nesse ano confirmou a sua versatilidade – 8m26,19s em Lisboa, a 17 de Junho, dessa feita nos 3.000m obstáculos.

Foi este o período crucial de uma carreira fabulosa. Mais tarde ainda participaria nos Campeonatos Europeus de 1986 e 1990, sempre nos 5.000m, ficando nas eliminatórias.

Terminada a carreira, uma doença genética rara, a hemocromatose, significativa de excesso de ferro no sangue, foi-lhe dificultando a vida. Mas não ao ponto de se esperar o desenlace de Março de 2012, que levou de entre todos nós uma pessoa que conseguia conjugar uma grande vontade de competidor com uma natureza afável e afectiva, como há poucas.

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