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Maratona do Porto pulveriza recorde nacional
05.11.2013
Antes convém dizer que uma organização exemplar, com uma esmerada feira levada a cabo na véspera no edifício da Alfândega do Porto, onde voltou a ser presente ao grande público o livro comemorativo dos 20 anos de actividade da Runporto, “Porto a Correr, 20 anos depois,”que tinha sido lançado na quarta-feira anterior; e uma organização capaz de atrair tanta gente de fora do país, com relevo especial para os espanhóis; essa mesma organização, por factores fora do seu controle, poderia ter visto a prova redundar em algo de desanimador face às expectativas criadas. É que nessa véspera do evento, no sábado, um temporal de grande envergadura caiu sobre a cidade, a chuva alagou tudo, a visibilidade era quase nula e mesmo as gaivotas fugiram do Douro para irem mais acima dar razão ao provérbio “gaivotas em terra, tempestade no mar”. Em condições semelhantes, no domingo, a prova estaria condenada, só que, felizmente, tudo mudou da noite para o dia seguinte e este amanheceu algo nublado mas calmo, sem vento, e o sol irrompeu depois de forma total, dando à Invicta todo o seu esplendor e permitindo que toda agente corresse, ou andasse nas melhores condições. Deu-se o milagre de São Pedro, costumeiro nas provas da Runporto, e a prova arrancou do Palácio de Cristal dentro das melhores condições.
A décima edição da Maratona EDP do Porto, este domingo concretizada, conseguiu todos os objectivos a que se propunha, antes e depois da sua realização, e sobretudo o do maior de todos eles. Este passava pela retoma da prova como a maior maratona portuguesa, depois de a primeira edição da Maratona Rock ´n Roll de Lisboa ter ultrapassado, no início de Outubro, o total de 1800 terminadores, e tal foi conseguido pela expressiva margem de quase mil unidades, já que a prova da Invicta teve na meta 2775 atletas.
Os que correram a maratona atravessaram de novo três concelhos, como na edição de 2012, com a ida a Matosinhos e a Gaia, para além naturalmente do Porto, e os portugueses disputavam o título nacional da distância. Os africanos venceram, como era de esperar, sem luta próxima no lado feminino em que se impôs a etíope Chaltu Waka, e com forte presença de Rui Pedro Silva no sector masculino, em que triunfou o queniano Joash Mutai. Mas já lá iremos.
Nada mais, nada menos, e é um novo recorde nacional, pulverizado pela margem enorme que se pode constatar, e que também significou uma subida de quase mil atletas em relação ao anterior máximo da própria Maratona do Porto.
Com a participação da Family Race de 16km mais a onda vermelha das t-shirts dos milhares que evoluíram na mini/caminhada de 6km, e que desaguaram no Parque da Cidade descendo a Avenida da Boavista - ao contrário dos que finalizavam a maratona - um total de 10 mil pessoas esteve presente na totalidade do evento.
Os atletas da Family Race, liderados por Luís Feiteira, que volta a envergar a camisola do Sporting CP, foram para a frente mas os da maratona não ficaram muito longe tinham uma lebre de luxo a guiá-los, o também sportinguista Rui Silva, que marcou o ritmo até aos 19km, sensivelmente. Neste grupo da frente seguiu sempre Rui Pedro Silva, que abordava a prova pleno de confiança. Os 15km foram passados em 46m35s e a meia maratona em 65m40s, o que estava dentro do plano de marcha idealizado e que permitiria ao agora benfiquista bater o recorde pessoal de 2h12m15s e conseguir mínimos para os Europeus do ano que vem, e que também era perseguido por José Moreira e Paulo Gomes, os quais foram ficando para trás em relação a Rui Pedro e muito tempo correram a solo.
A caminho da Afurada acabaria por encostar às boxes o detentor da melhor marca dos participantes (2h08m39s), o queniano Daniel Too, aparentemente com problemas musculares. No regresso ao Porto Rui Pedro Silva acabou ficar só na frente com dois africanos, aos 35 km começou a perder terreno mas viria a recuperar de novo e o final mostrou-se muito incerto. Só na longa subida para o Parque da Cidade o queniano Josh Mutai conseguiu escapar para a vitória, com 2h13m04s, ficando a dez segundos do seu recorde pessoal, enquanto o etíope Getachew Abayu era segundo com 2h13m07s, batendo o seu anterior melhor por mais de cinco minutos. Rui Pedro Silva terminou facilmente dentro dos mínimos para os Europeus com 2h13m11s, o segundo melhor tempo da sua carreira, e sagrou-se campeão nacional. José Moreira (SL Benfica), em quinto lugar com 2h16m19s, e Paulo Gomes (CUA Benaventense), sétimo com 2h21m16s, completaram o pódio em temos do campeonato português, e ainda no top-ten ficaram Paulo Pereira (NA Cucujães), no nono lugar com 2h31m32s, e Ulisses Lopes (individual), no décimo com 2h34m23s.
Na sua décima maratona em outras tantas edições, Baltazar Sousa terminou em 24º, com 2h41m18s.
No lado feminino as diferenças cavaram-se muito no final da prova depois do equilíbrio inicial entre as três africanas presentes. O triunfo da esguia etíope Chaltu Waka, com 2h37m47s, deu-lhe uma folga de quase três minutos face à compatriota, mais baixa e de formas mais arredondadas, Hayimanot Shewe (2h40m44s), mas Rosa Madureira, do FC Penafiel, com um final notável, na sua estreia na maratona, ainda ameaçou o terceiro lugar da queniana Linah Chirchir (2m43m10s), chegando na meta a quatro segundos dela com 2h43m14s, o que não deixa de ser um resultado brilhante para uma especialista de provas de trail e corrida de montanha.
O pódio para o campeonato nacional foi concluído por Marlene Lopes (GD Airão), em quinta na geral com 2h56m52s, e Lídia Pereira (CP Mangualde) logo a seguir, com 2h59m56s.
A Famly Race foi ganha nos homens por Hélder Santos, do Maia AC, que ao sprint se impôs a Luís Feiteira, ambos com 49m33s, e nas mulheres por Mónica Silva, do Maratona CP, com 57m07s e 11 segundos de vantagem sobre a sua colega de clube Anália Rosa.
A fechar uma jornada memorável, ficou-se já a saber que a próxima São Silvestre do Porto conta já com mais de seis mil inscritos!