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Recordes caíram na Maratona do Porto EDP
07.11.2011
Planear recordes em atletismo é tarefa complicada e muitas vezes votada ao fracasso, mas a verdade é que os recordes prometidos para a oitava edição da Maratona do Porto EDP, este domingo disputada em várias artérias vitais da Invicta e Gaia, foram quase todos cumpridos – só faltou o da corrida feminina, pois nos homens a melhor marca de sempre da prova, obtida em 2006 com 2h09m52s, foi melhorada pelo queniano Philemon Baaru, e o total de atletas que cumpriram os 42195m da prova, até ao tempo limite das 15 horas da tarde, pulverizou o anterior máximo nacional, que a prova da Runporto detinha desde o ano passado e que era de 1180 - desta vez foram 1545 a terminar, aumentando a vantagem da Maratona do Porto sobre todas as outras em Portugal para níveis nunca alcançados.
Os fundistas africanos dominaram, como era inevitável, num dia de Outono verdadeiramente esplendoroso e que permitiu à prova cumprir as suas promessas. Depois de vário dias de vendaval no Porto e no País em geral até o vento poupou os atletas num percurso quase sempre ribeirinho e onde ele tantas vezes se faz sentir. O sol brilhou desde cedo mas as temperaturas mantiveram-se frescas, pelos 12 graus ao início da corrida, valor que pode ser considerado ideal para um esforço tão longo.
Logo de início, ao tiro de saída junto ao Palácio de Cristal, emergiu um atleta do Maratona CP na frente – Fernando Silva. Sempre destacado, foi gerando alguma admiração no muito público que seguia a prova nas bermas mas a verdade é que Fernando Silva fazia “apenas” os 14km da Family Race, que ganharia com larga vantagem. Não serviu de lebre para os maratonistas porque estava demasiado adiante deles, mas estes não precisaram muito, também. Um lote de 18, todos africanos, passou ainda compacto à altura da meia-maratona, na Afurada, onde se fez o retorno para o Porto, e fizeram-no em 65 minutos, o que deixava antever a possibilidade da queda do recorde da prova.
Como sempre foi a caminho dos 30km que as coisas começara a fiar mais fino e na vinda da Ponte do Freixo na direcção da Foz fez-se uma rápida selecção que por volta dos 33km permitiu a dois isolarem-se de forma definitiva, Philemon Baaru e Kennedy Kwemoi, e isto graças a um par de quilómetros bem abaixo dos 3 minutos. O embate entre ambos foi titânico, e manteve sempre acesa a chama de um possível recorde do percurso. No início da derradeira subida da Avenida da Boavista a caminho da meta, instada à entrada do Parque da Cidade, juntos se mantiveram, e só mesmo nas centenas de metros finais Baaru logrou uma curta vantagem que manteve até à meta. Para tornar tudo ainda mais emocionante o tempo final de 2h09m51s, para além de um recorde pessoal do autor, significou melhorar o máximo da corrida por um segundo! Um curto e precioso segundo, fazendo lembrar o velho aforismo de que “por um se ganha, por um se perde”…
Estava retocado o melhor tempo de sempre numa maratona portuguesa, mas Jorge Teixeira, director-geral da Runporto, confidenciava no final que em breve se irá ter uma Maratona do Poro abaixo das 2h06m…
Com Kennedy Kwemoi a fazer em segundo 2h09m54s, fica também este registo de valia como um inédito em Portugal, ou seja dois abaixo das 2h10m. O pódio foi fechado por um terceiro queniano, Joas Mutai, já longe da frente com 2h12m54s, enquanto o que melhor marca de todos os participantes tinha obtido até agora em 2001, o etíope Gosa Tafa, era quarto com 2h12m59s. Alex Kirui, o queniano vencedor o ano passado, foi um sombra se si próprio e finalizou em 14º lugar.
O melhor português foi Bruno Soares, do CPTB Carcavelos, com um interessante máximo pessoal de 2h22m36s no 11º lugar, vindo logo nas posições a seguir dois atletas da Adercus, Luís Silva (2h22m58s) e Daniel Peixoto (2h23m17s). Baltazar Sousa também concluiu a prova, continuando totalista nas maratonas do Porto.
No lado feminino a ausência por razões variadas e de última hora de duas das mais fortes africanas previstas acabou por prejudicar de forma séria o desenrolar da competição. Para mais a queniana Pauline Chepchumba ficou desde muito cedo completamente só, e nem sequer na companhia de atletas masculinos, o que a penalizou, apesar da blandícia do vento. Foi corajosa até ao fim e ganhou com 2h41m24s, portanto muito longe do recorde do percurso da sua compatriota Priscah Jeptoo, em 2009.
Alice Basílio, dos Amigos do Atletismo de Mafra (3h08m16s) e Conceição Grare, do Porto Runners (3h09m17s) fecharam o pódio, numa grande festa do atletismo que confirmou a progressão contínua da Maratona do Porto.
Outro facto relevante foi o da contribuição para a construção de uma ala pediátrica no Hospital de São João, com o donativo de 50 cêntimos por inscrição em todo o conjunto de eventos do certame - maratona, Family Race e Mini Maratona - o que veio a perfazer e bonita quantia de 4166 euros, o que permite a fácil extrapolação para o facto de terem estado nas ruas do Porto e Gaia mais de 8 mil participantes de todas as idades e condições.