Notícias
Salomé adiante de um mar de 20 mil mulheres de rosa
22.05.2017
É comum associar-se a cor do mar ao azul, ou ao verde, ou ao cinzento, conforme o tempo prevalecente, mas quem este domingo visse a Alameda das Antas, sobretudo através de imagens aéreas, poderia também acreditar que o mar pode ser igualmente rosa, tal a imagem de extensão infindável proporcionada pelas 20 mil mulheres que ontem participaram na 12ª edição da EDP Corrida da Mulher. A enchente foi tal que a partida demorou mais de meia hora a concretizar-se, para uma massa eufórica, em festa, de rosa, ou rosa-velho, se ir espraiando longo tempo até à Avenida dos Aliados.
Espectáculo sensacional que foi possível seguir em todo o País através da transmissão televisiva, protagonizada pela TVI 24, num evento marcado como sempre pela vertente solidária, com recolha de fundos pata o IPO Porto e a passagem de uma mensagem fundamental, a da importância do rastreio do cancro da mama, um flagelo ainda responsável pela perda de muitas vidas em Portugal. Um rastreio que detectando problemas de forma atempada permite o tratamento total de mais de 90 por cento dos casos de cancro da mama.
A animação foi, portanto, o cenário de fundo marcante do evento. O povo do Norte, sempre tão afável no seu convívio, esteve representado ao seu melhor pelas 20 mil mulheres vindas um pouco de todo o lado, fazendo os 5 quilómetros da Alameda das Antas aos Aliados cantando, saltando, gritando, no mínimo caminhando. 20 mil mulheres de todas as idades e gerações, sendo comum ver-se avós, mães e netas juntas, as quais tiveram a companhia de alguns homens, que por seu lado seguiram a mancha rosa aos milhares nas bermas das ruas. A atleta Daniela Cunha, instada no final da prova para esta realidade, reagiu da melhor maneira possível:”Ainda bem, porque sem eles também não somos nada”. Já se sabia que a Corrida da Mulher era uma prova emblemática para a Runporto, mas isso ficou hoje confirmado de maneira insofismável por Jorge Teixeira, seu Director-Geral de Eventos, que à reportagem da TVI 24, no final da corrida, pôde afirmar, entre outras coisas que “esta é a prova de que eu mais gosto, de entre todas as que organizo”.
O tempo também ajudou, o dia estava e um pouco abafado, mas o sol brilhou e só as atletas de elite puderam queixar-se um pouco desse facto. Havia à partida um terceto largamente favorito à vitória final, composto por Carla Salomé Rocha, atleta individual, por Filomena Costa, da Associação Jardim da Serra, e por Daniela Cunha, do Sporting CP, e de facto foram elas que animaram a corrida na frente logo desde o tiro de partida.
Carla Salomé Rocha assumiu de imediato o comando e imprimiu um ritmo francamente incisivo, neste seu regresso à competição após a brilhante estreia na distância da maratona, verificada há quinze dias em Praga, onde obteve de forma larga mínimos para os Campeonatos do Mundo de Londres (onde deverá correr outra distância), ao marcar na meta 2h27m08s. Correndo de azul celeste, com uma frequência de passada impressionante, rapidamente obrigou a que Daniela Cunha ficasse para trás, ainda antes de perfeito primeiro quilómetro.
Filomena Costa ainda acompanhou Carla durante alguns minutos, mas esta, em estreia no evento, não deixou hipóteses às suas colegas - porque num dia de festa como o de hoje não havia rivais - e rapidamente ficou isolada no comando. A sua vantagem foi aumentando até à meta enquanto atrás Daniela Cunha ainda tinha uma pequena reaproximação em relação a Filomena Costa, a vencedora do ano passado (com 15m03s). Porém esta conseguiria manter uma vantagem segura para concretizar a segunda posição.
O tempo final de Salomé Rocha foi rapidíssimo, de 14m48s, confirmando para a nortenha um período de forma notável, indo ela em breve procurar a obtenção de mínimos para os Mundiais na distância de 10.000m, e certamente baixar por larga margem dos 32 minutos nessa distância. Filomena Costa fez, por seu lado, 15m10s, Daniela Cunha terminou com 15m30s, dois registos igualmente de muita o valia, sendo certo que para Filomena a distância percorrida está longe de ser a ideal para as suas características.
Enfim, destes factos e de muitos outros se fez a 12ª EDP Corrida da Mulher. A conjugação da participação de cada mulher de acordo com a sua alegria e convivialidade, enfim, de acordo com a sua disponibilidade, fez do evento uma vez mais algo de sem par em Portugal, e mesmo fora de fronteiras muito difícil de igualar.