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Conversa com Jorge Teixeira

A Runporto vai lançar uma nova coluna de notícias, a cada mês, onde entrevistará uma personalidade do atletismo. O objectivo é dar a conhecer melhor as pessoas que estão por trás das principais organizações de eventos desportivos, os atletas que mais se destacam na modalidade e também ex-atletas que pela sua experiência e conhecimento têm muitos conselhos e dicas úteis para dar.

Procuraremos escolher temas com uma grande área de interesse para todos os envolvidos no running desde principiantes, praticantes e veteranos.

Esta rubrica é um espaço aberto a todos os que nela quiserem participar, podendo enviar questões para o nosso e-mail geral@runporto.com, a fim de serem colocadas aos entrevistados, tentando aproximar o leitor e praticante da modalidade, ou não, de algumas das figuras mais importantes e de maior destaque do panorama desportivo português.

Podemos já revelar que no próximo mês a nossa convidada será a grande Campeã Aurora Cunha, uma dos melhores fundistas portuguesas de sempre, vencedora de várias maratonas internacionais e tri-campeã do mundo de estrada.

Como primeiro convidado temos Jorge Teixeira, Diretor Geral da Runporto, que nos irá esclarecer acerca de alguns temas pertinentes e actuais na organização dos eventos da Runporto.

No próximo dia 20 de março realiza-se a Corrida do Dia do Pai. Tem havido alguma contestação em relação aos preços das inscrições praticados este ano, quer esclarecer-nos em relação a esta alteração?

JT – Na verdade este ano tivemos que fazer alguns ajustes no preço das inscrições. Esses ajustes estão na razão direta do sucessivo aumento de vários itens inerentes às corridas, tais como, o policiamento que aumentou em dois anos mais de 50%, o IVA que passou em três anos de 6 para 23%, os serviços que pagamos e não pagávamos no passado, por exemplo, a Polícia Municipal era no passado patrocínio camarário e agora temos de a pagar. A somar a tudo isto temos a perda à última hora do patrocinador principal que era, por tradição a EDP GÁS, e só porque não quero que um evento que tem 13 anos por onde já passaram mais de 150.000 pessoas morresse.

Esta edição da Corrida do Dia do Pai tem uma nova partida por grupos, tendo sido acrescentado o Grupo Sub Elite (menos de 40 min). Para a inscrição neste grupo de partida, o atleta tem de apresentar um comprovativo de resultado de uma prova anterior, o que normalmente não acontece nos restantes grupos de partida, sendo o atleta responsável por essa seleção. Apesar da Runporto apelar à escolha consciente por parte dos atletas, esta situação gera, por vezes, confusão nos primeiros metros da prova. De que forma pensa que pode ser resolvido este problema?

JT – Para mim é um não problema. O problema é para aqueles que para partirem à frente não se respeitam a eles próprios, já que ao partirem à frente do lugar onde deveriam mesmo partir estão a prejudicar os outros corredores, mas sobretudo estão a prejudicar-se a si próprios, uma vez que vão partir correndo depressa demais para mais tarde pagarem esse esforço inicial e assim prejudicarem a sua prestação final. Pela nossa parte tudo fazemos para que o atleta se sinta bem, mas cabe também ao atleta fazer corretamente a sua opção no que se refere à escolha do lugar onde deve sair.

Tendo em conta os tamanhos das t-shirts escolhidos pelos participantes no ato de inscrição, uma questão que surge em relação a este tema é porque razão, por vezes, na altura de levantamento das t-shirts, o tamanho previamente pedido já não existir em stock.

JT – Será impossível a toda e qualquer organização acertar com as quantidades por tamanho destinadas aos participantes. À medida que os anos avançam tudo temos feito para falhar neste particular o menos possível, mas, repito, é impossível em qualquer corrida ou maratona em qualquer parte do mundo termos uma t-shirt para cada participante ao seu tamanho, porque temos de as encomendar por vezes com um ano de antecedência e, com essa distância temporal, fácil será concluir que o que digo anteriormente é, de facto, verdade. Continuaremos com a nossa base de dados em atualização para fazermos as apostas na compra e pedido das t-shirts que nos permitam falhar o menos possível, mas vamos falhar sempre.

A entrega dos kits de participante vai realizar-se nos dois dias anteriores à prova, 18 e 19 de março, e não é possível a entrega dos mesmos no dia do evento, tal como é comum noutras corridas, pode esclarecer-nos sobre esta situação?

JT – Em eventos que tenham mais de 5000 participantes não é possível trabalhar doutra maneira. Imaginem o que seria entregar as t-shirts e os dorsais de eventos como a Corrida do Dia do Pai, que normalmente tem sempre mais de 10.000 participantes, no dia da corrida. A Runporto já não existia, porque dos bons serviços que tem prestado ao mundo da corrida, sobretudo na aplicação do rigor organizativo dos eventos, passaria a ser uma desorganização, e isso eu não quero, quero continuar a ser uma referência como organização, quero que quem vem aos nossos eventos diga alto e bom som, vou a um evento da Runporto.

Por último, e já a pensar no mais emblemático evento do ano, a Maratona do Porto EDP, uma questão que é colocada com frequência é em relação às ofertas que são entregues com o kit de participante, nomeadamente a garrafa de Vinho do Porto. Tal como em 2015, este ano não será efetuada esta oferta, correto? Qual o motivo?

JT – A garrafa de Vinho do Porto foi durante 12 anos algo que muito me orgulhou enquanto símbolo da Maratona do Porto, sobretudo enquanto símbolo de uma região de Portugal, o Norte.
Porém, à medida que a Maratona foi crescendo, o número de garrafas a comprar era, em termos de orçamento, insustentável. Tentamos várias vezes através do respetivo Instituto do Vinho do Porto obter colaboração no sentido de nos ajudar na aquisição do vinho de forma mais económica, mas sempre obtivemos resposta negativa, sendo essa mesma resposta positiva noutras corridas que não têm nem de longe nem de perto a notoriedade da Maratona do Porto. Como não somos embaixadores do Vinho do Porto, logo entendi cortar com este item que nos custava muito dinheiro, pois tínhamos de pagar todo o vinho. Nunca fomos apoiados pelo Instituto, mas sabemos que apoiam outros eventos, o que nos ofende bastante. Mas a Maratona do Porto EDP não pode nem deve valer apenas por uma garrafa de vinho, a Maratona do Porto EDP é muitíssimo mais que isso, é um evento que orgulha PORTUGAL, não apoiado nem pelo Instituto do Vinho do Porto, nem pelo Turismo de Portugal, sendo estas entidades geridas por pessoas que têm a responsabilidade de ajudar e apoiar eventos que prestigiam o nosso País e não é isso que acontece, logo, não há vinho, mas há a Maratona do Porto EDP.

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